Muito antes dessa polêmica sobre o Alan Scott, o Lanterna Verde original - que não tem nada a ver com o Lanterna Verde mais famoso, Hal Jordan - um porrilhão de personagens de quadrinhos já haviam saído do armário. O problema é que você, que nunca leu uma página de quadrinhos na vida, e está muito preocupado em polemizar, mazelar e repercutir as notícias do Fantástico nunca se preocupou com isso...
Durante a semana o jornalista Paulo Ramos do Blog dos Quadrinhos, que fica escondido dentro do portal Uol, disse algo interessante no Twitter. Mensagem que eu retuitei e reproduzo aqui: "Ainda recebo perguntas de jornalistas sobre o caso Lanterna Verde gay.
Resposta: não se trata de política de inclusão, mas de marketing". Eu disse isso um bilhão de vezes em várias postagens anteriores aqui no mucufo, mas você preferiu ouvir o Fantástico não é?
Pois é. Quem mais polemiza sobre esse assunto, faz piadinhas, escreve besteiras e desenha bobagens não entende porra nenhuma de quadrinhos. Mas vamos lá. Não é de hoje que, de forma bem mais coerente e sincera, os autores tiram do armário alguns heróis e heroínas. Em outros tempos, onde a intolerância era bem maior, e assuntos como esse eram tratados em rodas de psicólogos, os quadrinhos abriram as discussões apresentando personagens que eram gays, lésbicas ou hermafroditas.
Recentemente a DC Comics criou a Batwoman. A moça que luta contra o crime nas ruas de Gotham foi apresentada ao mundo como uma personagem homossexual. Lésbica assumida. Não houve nenhum estardalhaço e a orientação sexual da moça foi tratada com desdém pela opinião pública e ignorada pelos cri-cris de plantão. Em tempo: Batwoman é uma coisa, Batgirl é outra. São duas personagens diferentes.
Muito antes da Batwoman ou de Alan Scott, a DC Comics criou uma discussão salutar em torno de alguns personagens. Um dos primeiros foi o Transmutador, da Legião de Super-Heróis. Não assumido, o herói do Século 30 acabou criando polêmica ao insinuar em suas histórias que não ficava à vontade com mulheres e que preferia a companhia de homens. Autor algum jamais afirmou categoricamente que ele seria gay, mas os leitores acabaram rotulando o herói.
Em 1989, novamente na DC, o escritor Grant Morrisson reinventou o Homem Negativo, da Patrulha do Destino, como um herói hermafrodita. Pois é, e eu aposto que se eu não te dissesse isso agora você não saberia... Muito tempo depois o Manto, filho de Alan Scott, o Lanterna Verde original, se declarou gay em uma de suas histórias. Isso sempre foi encarado com muita naturalidade por todo mundo. Em tempo: O fato de Manto ser gay foi o motivo para que Alan Scott fosse escolhido para ser gay nessa reformulação da DC Comics. Com o reboot, Alan Scott foi rejuvenescido e o personagem Manto deixou de existir. O escritor James Robinson queria manter a premissa e sugeriu que o próprio Alan Scott voltasse como um personagem gay.
A Marvel Comics já tinha um personagem gay em suas fileiras, o Estrela Polar que deve se casar em algumas semanas. Aliás, o mutante canadense, que era um persnagem mais que secundário só ganhou status de primeiro escalão depois de mudar sua orientação sexual. Era um personagem sem muitos atrativos quando foi criado e era hétero. Antes disso, em uma espécie de universo paralelo na Marvel (Marvel Ultimate), Estrela Polar viveu um romance com Colossus dos X-Men que naquela realidade era gay (ou ainda é, afinal não acompanho a Marvel como deveria).
Aí você vai dizer: "Nossa Colossus é gay?". Aí eu digo: Não! O Colossus que você conhece do desenho animado e do filme dos X-Men não é gay. Quem virou gay foi a versão dele no Universo Ultimate da Marvel, tipo uma Terra paralela. O Colossus que você conhece continua firme namorando a Kitty Pride. Mas como isso não saiu no Fantástico você também não sabia não é?
Pois é, existem ainda mais alguns personagens, dos quais não me lembro agora, mas espero só voltar a falar dessa polêmica novamente quando as revistas do Lanterna Alan Scott e do Estrela Polar chegarem o Brasil, o que deve acontecer apenas no ano que vem. Até lá você pode rever os seus conceitos e começar a polemizar e mazelar sobre coisas que realmente conhece e entende. Ou, quem sabe, procurar se informar mais antes de formular as suas piadinhas.
17 de junho de 2012
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