O Fantástico não entende de quadrinhos

Na última semana a DC Comics revelou o nome do herói que ela transformou em homossexual. O escolhido foi Alan Scott, que agora é o Lanterna Verde da Terra 2. Uma Terra paralela, uma espécie de outra dimensão. Pois bem, vou explicar detalhadamente quem é Alan Scott, quem é o Lanterna Verde e quem teve a sua orientação sexual modificada, mas em outra postagem.

O que eu quero tratar exclusivamente agora é a matéria sobre o assunto que foi veiculada no Fantástico de hoje à noite. Como uma empresa como a Globo manda pro ar uma matéria tão cheia de erros? Como pode esse dublê de jornalista ter feito uma matéria tão rasa, tão superficial? Por que não pesquisou? Não pagaram a conta da internet? A emissora tentou repercutir um assunto que está bombando nas redes sociais e na internet desde o início da semana. O que é normal, ela deve mesmo fazer isso. Essa é a função da TV e de programas populares como o Fantástico. Mas deveria, no mínimo, ter feito uma pesquisa melhor.
Pra começar abriram a matéria com as imagens do filme do Lanterna Verde, que não tem absolutamente nada a ver, mas nada a ver mesmo, com o personagem que foi transformado em gay pela DC Comics. O tempo todo faziam alusão ao Lanterna Verde que todos conhecem, como se o personagem Hal Jordan, o cara do filme, fosse o gay na história. Desconhecem ou ignoraram o fato que existem milhões de Lanternas Verdes, e que o personagem em questão, Alan Scott (o cara da ilustração aí do lado), não faz parte dessa tropa dos Lanternas Verdes. Nem usa uma roupa verde, é de outra época, de outro tempo, e agora, de outra Terra. O herói, de 1940, foi a inspiração para a criação do Lanterna Verde que conhecemos agora.
Logo no início da matéria eles me saem com essa: "O segredo de um dos mais populares super-heróis de todos os tempos foi descoberto. Alan Scott, o Lanterna Verde, é gay". Como assim Alan Scott, "o" Lanterna Verde? Como se ele fosse o único Lanterna no mundo e, enquanto isso, tome imagens de Hal Jordan na telinha...
Felizmente, os fãs de quadrinhos entrevistados na matéria se mostraram mais inteligentes que os editores e jornalistas do Fantástico. Para o meu alívio.
Ao citar o Estrela Polar, personagem homossexual da Marvel Comics, o Fantástico colocou o Estrela Polar nos X-Men. Ele foi filiado aos X-Men por pouco tempo, é canadense e nasceu para o mundo como membro da Tropa Alfa e por lá construiu toda a sua história. O Fantástico ignorou quase tudo que era importante falar sobre o personagem. Cagou e andou para a cronologia do herói. Ou seja, uma pesquisa rápida no Wikipédia já seria o suficiente para não cometer tantos erros.
Olha só Fantástico... deixa eu te explicar. Nem todo mundo lê quadrinhos e o programa entra na casa de todas as classes sociais. Portanto, meu caro Fantástico, cabe a você, esse tradicional programa dominical, esclarecer e dirimir todas as dúvidas a respeito de uma matéria. Não deve deixar pontas soltas e mandar pro ar uma matéria com uma apuração tão porca. Quadrinhos não é coisa popular, não é elitista, mas não é popular, portanto, se vai falar sobre quadrinhos, faça bem feito.
O resultado dessa matéria porca veiculada pelo Fantástico? De imediato minha sogra soltou uma piada para mim. No segundo seguinte mandou meu filho, e neto dela, pegar o boneco que ele tem do Lanterna Verde e jogar fora, e nunca mais usar a roupa - o uniforme - ou as camisas que ele tem do personagem, porque isso agora é "coisa de gay".
Valeu Fantástico, prestou um incrível serviço hoje.

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