Fazer quadrinhos de forma factual, em 2007, em Campos dos Goytacazes, em pouco tempo, e com o mínimo de recursos, era mesmo um desafio. Não queria algo como as charges, ou tirinhas, que aparecem nos jornais todos os dias contando um determinado fato factual - com as tirinhas isso ainda é muito raro e em Campos algo inexistente -, mas queria publicações semanais, quinzenais, e até diárias de quadrinhos. Queria provar que elas poderiam existir sem problemas e ser factuais, tão rápidas quanto uma publicação de um jornal ou de uma revista semanal, por exemplo.
É óbvio que meu trabalho final foi baseado nesse tema, e junto com um artista de Campos, Glauco Torres, um velho amigo de infância e outro quadrinista incompreendido, fiz uma revista factual em quadrinhos. Foi uma trabalheira desgraçada juntar os fatos de uma semana, roteirizar tudo, escrever e entregar os esboços para Glauco todos os dias. Depois de tudo pronto refizemos boa parte da revista em apenas um dia e ligamos todas as pontas soltas. A revista poderia ter ficado muito melhor, mas tivemos pouco tempo. O importante foi que consegui provar que os quadrinhos poderiam ser, também, uma ferramenta de comunicação factual, tão rápida quanto um jornal, ou uma revista semanal.
Para ilustrar a ideia voltei ao Herói. Refiz o personagem. Na verdade aproveitei apenas o seu nome. Queria juntar o conceito de super-heróis com jornalismo factual e mostrar que era possível ver notícias de verdade em uma revista de super-heróis. Como gostava do poder do Superboy (e a sua telecinésia táctil) usei isso como poder para meu novo herói. Era mais fácil de desenhar e não perderia muito tempo tentando inventar alguma outra coisa. No fim, deu tudo certo. Consegui uma boa nota, imprimi algumas revistas e distribui na sala. Provei minha tese, mas não sai lucrando muito depois disso. Nenhum jornal se interessou - nem o jornal onde eu trabalho - e ninguém pagaria um centavo por isso. Projeto engavetado.
Confesso que tenho algumas tirinhas "factuais" guardadas em minha gaveta, porém, mais uma vez, o pouco tempo que tenho e o pouco caso para com as tirinhas e quadrinhos em Campos dos Goytaczes me desanimou. E como preciso ganhar dinheiro para pagar as minhas contas, as tirinhas do Herói, de outros personagens, factuais ou não, continuam encaixotadas. E por enquanto ficarão por lá, pelo menos por enquanto...
Segue aí, alguns trechos interessantes da minha única revista em quadrinhos, factual, pelo menos era factual na época do lançamento.
31 de outubro de 2010
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