5 de maio de 2008

Baiano não é burro! Mas faz uma música horrível!


O Brasil ficou chocado com as declarações do Coordenador do curso de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Antônio Natalino Dantas. O Dr. Antônio não disse nada demais e tampouco falou mentiras. O que o velho médico, e professor de medicina disse, assombrou os baianos e principalmente os estudantes da Universidade, que o acusaram de preconceito. Citaram até a Constituição Federal e afirmaram que ele deveria ser punido pelo que disse. Dantas disse os baianos têm um QI abaixo da média, que são preguiçosos, fazem uma música de péssima qualidade entre outras coisas.
Bom, vamos aos fatos: o curso baiano de medicina obteve uma das piores avaliações no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), com nota dois, e dois no Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado, ou seja, uma das piores notas do Brasil. A graduação da UFBA ficou entre os 17 cursos, que estão sob supervisão do MEC, com risco de redução de vagas e até desativação. Ao ser questionado Antônio Natalino Dantas não perdeu tempo e disparou essas pérolas. Atribuiu o resultado dos estudantes ao “baixo QI (coeficiente de inteligência) dos baianos”, pois os baianos tocam berimbau, “instrumento de quem tem poucos neurônios”. Em uma entrevista na televisão, Dantas afirmou que os estudantes baianos estão muito preocupados com música e com atividades culturais e foi taxativo: “baiano toca berimbau por que só tem uma corda, se tivesse mais de uma ele se complicava”. Não contente, Dantas ainda disse que não pode chamar de música esse barulho que os baianos fazem e chamam de axé.
Dantas falou muita bobagem, é verdade, mas o que esperar de um povo que inventou o Axé Music? Na verdade toda essa polêmica, e toda a revolta dos estudantes, serve apenas para esconder a péssima nota no Enade, o que deveria ser motivo de vergonha, e não de indignação. Os estudantes baianos estão preocupados com as micaretas, os carnavais fora de época e com os trios elétricos que estão estacionados em cada esquina de Salvador. Por que não foram para a televisão explicar por que tiveram um rendimento tão ruim?
O que Dantas acabou não dizendo, e deveria ter dito, é que o problema está nos estudantes, é lógico que não se deve responsabilizar apenas os estudantes por um resultado ruim, a responsabilidade deve ser dividida entre eles e a instituição, mas os pimpolhos deveriam ter se dedicado mais.
Dantas exagerou um pouco, não mentiu, mas exagerou. Afinal de contas, da Bahia vieram Gilberto Gil, Caetano Veloso, Pitty, Jorge Amado, Raul Seixas, Camisa de Vênus e um monte de músicos, escritores e jornalistas de primeira linha. Mas... baiano que é inteligente, vai embora da Bahia.
Se Dantas exagerou ao afirmar que os baianos são burros, não errou ao afirmar que o povo baiano, e isso diz respeito principalmente aos jovens, são festeiros demais, se importam muito pouco com os estudos e sair atrás de trios elétricos está sempre em primeiro lugar. Agora pensem bem... o exame do Enade aconteceu durante o verão, você acha que havia algum estudante baiano preocupado com o exame? Quantos deixaram de correr atrás do “are rê” para ficar em casa estudando? Agora esses mesmo estudantes querem ir para a televisão dizer que Antônio Natalino Dantas é preconceituoso? Por que então não estudaram?
Acho pouco provável que a Universidade Federal da Bahia não apresente boas condições de ensino para os estudantes baianos e também duvido que alguém tenha deixado de lado as micaretas para ficar estudando medicina.
Os estudantes da Região Sul do país ficaram com a nota máxima no exame. Seis universidades de medicina no Brasil ficaram com a nota máxima. Três no Rio Grande do Sul, uma no Maranhão, outra em Goiás e em São Paulo. Agora vocês entenderam?
Falar que baiano é burro, tem QI baixo, é errado. Dantas não foi correto ao externar sua opinião de forma tão incisiva e em público. Acabou ferindo os sentimentos dos baianos e de todos aqueles inteligentíssimos cantores de axé que brotam nas esquinas da Bahia como se fossem ervas daninhas. Mas, não errou ao mostrar a pré-disposição dos novos baianos para um estilo de música que pode ser comparado a um ruído de um disco de vinil arranhado.
Melhor deixar a micareta de lado, esquecer o Carnaval fora de época e estudar, por que Ivete Sangalo, Cláudia Leitte e o Chiclete com Banana estão podres de ricos às custas dos estudantes que ao invés de estudar estavam correndo atrás de trios elétricos. Depois querem colocar a culpa no pobre Dr. Dantas.

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