10 de março de 2008

Quando o Rock era o maior barato!

É impossível não imaginar a cena que começa hoje no Teatro de Bolso Procópio Ferreira em Campos dos Goytacazes. Músicos consagrados da cidade ao lado de ilustres desconhecidos tentando conseguir uma vaga entre os artistas cadastrados para realizar shows para a Prefeitura.
Será que os nossos músicos precisam disso? Não acredito!
Há muito tempo fazer música era o maior barato. Fazer rock era o maior barato, era a personificação da fúria, da alegria, do amor, do ódio e de um monte de sentimentos que eram externados através das canções. E todo mundo tocava e todo mundo era feliz. Mas então o vil metal começou a fazer uma enorme diferença. E os músicos passaram a se perguntar: “Se ele ganha tudo isso e não toca nada, eu, que toco muito melhor, quero ganhar também”. E os garotos de 15 anos, que antes montavam uma banda por amor à música, que tinham nas veias o sangue do Rock and Roll, perderam o encanto. Agora qualquer criança com talento musical quer fazer uma banda, seja de que estilo for, e arrumar uma maneira de se “encaixar” na prefeitura. Esta parece ser a oportunidade certa não é?
Os músicos de Campos, desunidos e acomodados que são, estão muito pouco preocupaos com credibilidade indignação e contestação. Alguns mantém a postura, não esperam dinheiro cair do céu e correm atrás do prejuízo. Muitos não são profissionais, tratam a música como hobby e não tem do que reclamar. Mas outros não fazem absolutamente nada além de tocar. Esses deveriam ter o seu lugar garantido entre as estrelas da Prefeitura de Campos. Bandas e músicos que não precisam provar mais nada para ninguém não precisariam pisar no palco para mostrar para um corpo de jurados, presidido por alguém que não sabe a diferença entre um Ré e um Dó, se são músicos ou não.
Afinal quem pode julgar a qualidade de um músico? É petulante, arrogante e até discriminatório. Não é função da prefeitura, mas esse é o preço que os músicos têm que pagar por não participar das decisões políticas da cidade. Por obra e graça da última Conferência do Conselho de Cultura, uma controvertida e inesperada lei surgiu, como num passe de mágica, nas mangas da gerente de Cultura, Cristina Lima. Segundo ela foram os músicos que pediram por um teste durante a conferência. Portanto, assunto encerrado.
Mas, você músico… você estava lá? Participou da conferência de cultura? Você escolheu, sugeriu ou exigiu um teste de qualificação que dá notas para músicos? Você foi o mentor intelectual dessa proposta? Eu não estava lá. E aposto que você também não. Então esse é o preço que temos que pagar por ignorar as decisões políticas da cidade, por achar que não faz a menor diferença para as nossas vidas decidir algo em uma conferência de Cultura.
Deixar nas mãos de meia dúzia de músicos (afinal quais eram os músicos que estavam lá?) as decisões de toda uma categoria, é o mesmo que deixar o timão do navio ao sabor do vento. Sem liderança e sem organização os músicos se transformam em massa de manobra e vez ou outra perdem o rumo e se transformam em bonecos para brincar.
Agora nos resta chorar, lamentar e lembrar dos tempos em que fazer música era o maior barato, e que tocar rock era coisa de adolescentes desocupados que se reuniam em garagens e trasnformavam a vida dos vizinhos em um inferno. Bons tempos.

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