28 de janeiro de 2008

Kichute: eu usei!


Se você é homem, tem entre 30 e 35 anos e estava em idade escolar entre 1975 e 1982, certamente usou um Kichute. O calçado, que era a solução mais barata e inteligente para os pais na hora de escolher o que as crianças usariam na escola, caiu no ostracismo no final da década de 90, perdeu público, mas nunca perdeu o charme.
O Kichute virou cult. O calçado foi criado pela Alpargatas, mesma empresa que hoje detém os direitos da Topper, fornecedora de material esportivo. O ano era 1970 e a Alpargatas queria um calçado para aproveitar a paixão futebolística que assolava o Brasil por conta do Bicampeonato Mundial de 1962. Com a pífia campanha brasileira em 66, na Inglaterra, a empresa segurou algum tempo e lançou o Kichute em 15 de junho de 1970, durante a Copa do Mundo no México. Não poderia ter sido em melhor hora, a seleção brasileira de futebol jogava por música e o Kichute vendia como água.
O calçado, a princípio criado para atender as classes C e D era barato e muito, mas muito resistente. Alem da praticidade o Kichute era feito de lona e tinha cravos que imitavam uma chuteira de verdade, o que mais os garotos poderiam querer?
A partir daí o Kichute passaria a estar intimamente ligado ao futebol, para sua alegria e posterior desgraça. Por estar diretamente ligado ao futebol, os pais preferiam comprar um calçado que fosse resistente, já que na hora do recreio a brincadeira predileta era chutar de bolas de couro a latas de leite, o negócio era chutar alguma coisa em direção à rede. O problema é que com as derrotas da Seleção Brasileira de Futebol em 1982, 1986 e 1990, as brincadeiras de bola ficaram cada vez mais sem graça e as vendas do Kichute caíram junto com a seleção de Sebastião Lazaroni.
O calçado que chegou a vender em 1978, quase 98 milhões de pares, o que dá a impressionante marca de 10% da população do Brasil na época, não vendeu nem passou a vender menos de 10 milhões de pares em todo o país. Quando o Brasil voltou a ganhar uma Copa do Mundo os tênis esportivos já haviam escrito o epitáfio do bom e velho Kichute.
Hoje o pobre Kichute não vende 200 mil pares por ano e a Alpargatas, embora tenha planos de relançar a marca, ainda não o fez. Um site na internet foi tudo o que a empresa se dispôs a fazer para levantar o nome do produto. Com uma campanha de mídia perto do zero nenhuma loja de calçados, esportivos ou não, se interessou por colocar o Kichute à venda.
Se hoje os pais gastam um tênis a cada semestre, para os filhos que querem ser iguais ao Ronaldinho Gaúcho, só resta lamentar a falta que um Kichute faz.
Quem quiser matar as saudades do Kichute pode acessar o site www.kichute.com.br. O site mantido pela Alpargatas tem todas as informações sobre a marca, e nele os curiosos podem encontrar até maneiras diferentes de amarrar o cadarço.

1 comentários :

Anônimo disse...

SEM COMENTÁRIOS, SIMPLISMENTE MARAVILHOSO!!!!!!!!!!!!