A matéria que você vai ler a seguir foi publicada no site do Bol. Ela fala do novo "sucesso" da música baiana e de um possível "hit" do Carnaval baiano.
Uma música que junta super-heróis de quadrinhos a coreografias com rebolados e insinuações sexuais entre o Super-Homem e a Mulher Maravilha é o hit do verão (baiano). "Foge, foge, Mulher Maravilha. Foge, foge com o Superman", diz um dos trechos de "Liga da Justiça", da banda LevaNóiz. A palavra "foge" é repetida mais de 80 vezes em quatro minutos, mas o cantor André Ramon, 23, nega que haja duplo sentido.
"A maldade está na cabeça das pessoas", afirma ele.
Lançada em novembro passado, "Liga da Justiça" é uma das mais tocadas nas rádios baianas e já figura como favorita na disputa pelo título de música mais tocada no Carnaval de Salvador. A música já passou pelo repertório de Ivete Sangalo e Claudia Leitte, principais representantes da axé music. Elas funcionam como uma espécie de Midas para bandas como o LevaNóiz.
No Youtube, vídeos relacionados à música, como o clipe oficial feito pela banda, já ultrapassaram 1 milhão de visualizações. No clipe, o cantor André Ramon aparece vestido de Super-Homem e rebola ao lado de duas dançarinas fantasiadas de Mulher Maravilha. O vídeo traz ainda uma animação com os personagens repetindo a coreografia, com direito a gritos agudos do Robin e troca de olhares maliciosos entre o Super-Homem e a Mulher Maravilha.
Antes de deixar meu comentário sobre essa aberração, quero deixar algumas coisas bem claras. Primeiro que não tenho nenhum preconceito em relação a baianos ou nordestinos. Não tenho preconceito de credo, raça, cor ou orientação sexual.
Sou músico, quadrinista, jornalista, ilustrador, pesquisador e colecionador de HQs. Não gosto de axé, não gosto do tipo de música que se produz na Bahia, não gosto do mercado que se formou em torno do Carnaval baiano, e entendo que que cantoras como Claudia Leitte, Ivete Sangalo e outros produtos pré-fabricados da Bahia não mereciam a terça parte do prestígio que têm. Não conheço bandas como LevaNóiz como grupos que produzem música, não acho nem que isso seja considerado entretenimento. Há músicos bons e músicos ruins, bandas boas e bandas ruins, mas bandas como essa não produzem nada, porque isso não pode ser considerado música, é no máximo ruído. Não respeito o trabalho desses pseudo artistas, assim como não considero o lixo que eles produzem como música.
É óbvio que o maior apelo do Carnaval baiano não é a música. Não é o som que sai dos famigerados Trios Elétricos, e não são as guitarras de Armandinho, Dodô e Osmar - esses sim são músicos - que movimentam o Carnaval na Bahia. O que movimenta o Carnaval baiano, o que arrasta multidões atrás dos trios elétricos é o sexo. A possibilidade de sexo fácil regado à álcool e drogas. E isso não tem nada a ver com a qualidade da música que é tocada nos trios. Foi-se o tempo em que Gilberto Gil e bons músicos baianos, ou seja, músicos de verdade, eram os mais concorridos trios da Bahia. Hoje, o rebolado e o apelo sexual das canções (?) e das cantoras e cantores é o que conta.
Em um universo de ideias esgotadas, refrões sem sentido, cantores e cantoras desafinadas e letras sem sentido qualquer coisa vale. Até mesmo denegrir a imagem de personagens e dar uma conotação sexual que esses personagens não têm. Super-Homem, Mulher-Maravilha são personagens de histórias em quadrinhos. Personagens de ficção, que além de movimentarem um enorme mercado, também movimentam o imaginário de milhões de pessoas, principalmente crianças. Macular a imagem desses personagens é de uma covardia enorme. Criar uma versão de duplo sentido, com uma letra digna de um retardado mental é insultar demais a inteligência das pessoas.
Só lamento que ainda existam multidões de ensandecidos que acham que isso é só "brincadeira", que "não tem nada demais" e que é só "uma musiquinha". Não é só música. O que a banda LevaNóiz faz é jogar na lama o nome e o trabalho de dezenas de pessoas. Como reagiriam se uma inofensiva música baiana cantasse insinuações sexuais entre Mônica e Cebolinha? Qual é a diferença? Se o personagem for do Brasil não pode? Mas se for de fora do Brasil pode? Pense nisso, e quando estiver comprando seu abadá e ouvindo Ivete Sangala cantando mais de oitenta vezes em quatro minutos "foge, foge, foge", lembre-se de que poderia ser a Mônica e o Cebolinha, ou a Magali e o Cascão. Se você achou graça ou achou "bonitinho" reveja os seus conceitos.
6 de janeiro de 2011
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2 comentários :
Cara sou seu fã, por tudo que disse.
Pra o Axé é só ruido que me incomoda profundamente.
Uma pena eu não ter lido antes. Pena tb não ter saído em sites de gde visualizações. BRILHANTE. Aplausos. CONCORDO COM TUDO.
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