80 anos de Osamu Tezuka
Quando Osamu Tezuka faleceu, vítima de um câncer de estômago, o jornal Asahi escreveu que, uma das explicações para a popularidade dos quadrinhos do Japão, foi a existência desse autor que é considerado o "deus do mangá".
No último dia 3 de novembro, Tezuka, se estivesse vivo completaria 80 anos de idade. Chamá-lo, até hoje, de Deus do Mangá e uma das maiores influências dos quadrinhos nipônicos é mais que justo, dada a extensão e a influência de sua obra, que alcança 700 trabalhos e mais de 150 mil páginas.
Tezuka não apenas revolucionou a história em quadrinhos japonesa, como também foi o precursor dos desenhos animados no país, os animes, outra cultura nipônica de grande influência no Ocidente.
Osamu nasceu em 3 de novembro de 1928, na cidade que hoje é chamada de Toyonaka, em Osaka. Tezuka passou a infância assistindo a animações da Disney, que lhe influenciou imensamente, e filmes de Charles Chaplin. Já famoso, declararia que eles eram duas das pessoas que mais admirava no mundo do cinema. Seu pseudônimo veio aos dez anos, quando acrescentou o ideograma de "inseto" ao seu nome, para que a pronúncia ficasse igual a uma espécie de escaravelho ("osamushi"). Anos mais tarde, voltou a se chamar Osamu, mas mantendo o símbolo. Nessa época começou a se interessar por desenho. Em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, sobreviveu a um bombardeio americano em Osaka. No mesmo ano, entra para o curso de medicina.
O jovem Tezuka se forma, mas não chega a exercer a profissão. No meio do curso já havia estreado como desenhista, em 1946, com "Ma-Chan no Nikkichô" ("O Diário de Ma-Chan"). Mas o grande sucesso veio com "Shin Takarajima" ("A Nova Ilha do Tesouro"), de 1947, que vendeu 400 mil cópias. "Shin Takarajima" revolucionou o mangá ao adotar uma linguagem visual de cinema, com mais dinamismo e fluidez na ação.
A obra também antecipava muito do que caracterizaria o estilo de Tezuka e do próprio mangá como expressão de arte. O autor tornou os símbolos gráficos mais ricos: inventou novas onomatopéias e as linhas de movimento, além de colocar elementos como coração e estrelas nos quadros para aumentar a dramaticidade das cenas. Tezuka também elaborou muitos de seus personagens como atores, que aparecem em diversas obras sob diferentes papéis (como, por exemplo, o cientista narigudo de "Astro Boy" e o Hyôtantsugi, um cogumelo retalhado com cara de porco).
Logo depois lançou a obra "Metropolis" (1949), ficção científica influenciada pela obra homônima do alemão Fritz Lang, "Fausto" (1950), adaptação de um livro de Goethe, e "Fushigi Ryokôki" ("Fantástico Relato de Viagem"), também de 1950, em que enveredou pela metalinguagem. O western "Kenjû Tenshi" ("O Anjo Pistoleiro"), de 1949, foi um dos primeiros mangás juvenis com cenas de beijo.
Ao mesmo tempo, passa a publicar mangás em seriado. Nessa época, início da década de 1950, nasce algumas de suas obras mais conhecidas como "Jungle Taitei" ("Kimba, O Leão Branco") (que fãs acusam a Disney de ter plagiado em "O Rei Leão") e "Astro Boy".
Em 1953, lança "A Princesa e o Cavaleiro", que é tido como o precursor do "shôjo mangá", ou seja, quadrinhos voltados para meninas. A obra, influenciado pelo teatro Takarazuka, formado só por mulheres, conta a história de Saphire, uma menina disfarçada de garoto para assumir o trono de um reino.
No ano seguinte, o desenhista lança o trabalho que é considerado sua obra-prima: "Hi no Tori" ("Fênix"), que tem como protagonista um pássaro imortal que transcende o tempo e traz como tema a natureza da vida e a miséria e a virtude humanas.
* Mais sobre Osamu Tezuka pode ser encontrado pela rede. Esse é o trecho de um capítulo de minha monografia sobre quadrinhos. Osamu influenciou mais os quadrinhos ocidentais do que se imagina. Seu trabalho e sua genialidade fazem falta...
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